Ando alimentando um monstro. A cada dia que passa ele cresce mais dentro de mim. Ele consome meu juízo, minha noção do que é certo, do que é errado. Às vezes certa, mas às vezes meia confusa, sigo em frente causando erros e acertando pela metade. Decisões deveriam ser fichas, mas se escolhidas erradas tornam-se facas furando seu peito. Ultimamente tem sido apenas facas. A cada passo uma facada e eu nem sinto mais. 
A dor vem andando ao meu lado, silenciosa, deixa o monstro quieto na correria do dia-a-dia, e é durante a noite que ela grita e me faz gritar, acorda o monstro e dói. Dói muito. 
Não deveriam escorrer essas lágrimas, mas elas escorrem, essas lágrimas de culpa, de arrependimento, de saudade, de amor, de vontade, de falta de sabor, de adrenalina demais, de dor, de muita dor, de sofrimento, lágrimas de sentimentos que eu nunca senti antes, do que me faz falta, do que eu faço falta, do que fará falta, do que está fazendo, do que eu mandei embora, do que eu pedi pra ficar, do que me demora, do que me conforta, me conforma, me comoda. Não queria incomodar, mas com licença, eu já não sei quem sou. 
"A felicidade bestializa. Só o sofrimento humaniza as pessoas." Sou tão humana agora como nunca fui antes. Sou tão cheia de erros, tão imperfeita e incapaz. Queria tanto dizer as palavras que se prendem na boca. Mas elas não têm perdão.
E que o vento leve as palavras que daqui não saem. Que o monstro desapareça na chuva, que a dor desapareça no banho quente, que nossas almas se renovem. São tanto motivos pra viver de novo, e tantos novos querendo ter motivo. E me perdi em trocadilhos baratos para me confundir, me dar nó, me fazer entender que de desculpa não se constroem caminhos, apenas mais incertezas.

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