E de repente eu me vejo novamente chorando. Mais uma vez pensando em como seria bom poder hibernar, sem que depois de acordar fosse necessário recuperar todo o tempo perdido, assumir as consequências. Novamente eu vejo as pessoas ao meu redor vivendo suas vidas com vontade, lutando pelo que querem ou precisam. E eu ainda estou aqui, ajoelhada nos cacos do meu coração que eu ainda não consegui encaixar. Eu não faço ou sinto isso porque eu gosto, eu não preciso da sua compaixão. Só o que eu preciso é conseguir respirar sem que minha garganta seja lacerada a cada inspiração. Eu preciso me sentir inteira, completa, verdadeira e motivada. Eu retornei dois passos da borda do precipício, por 22 horas. Mas eu retornei à mesma posição, onde meus dedos dos pés não possuem apoio. O vento continua batendo forte, mas diferente de quando ele me empurrava pra trás, impedindo que meu corpo fosse inclinado a ponto de não ter mais forças pra retornar, o vento está mudando de direção. Agora eu o sinto na minha nuca, num aumento progressivo de intensidade, revoltando meus cabelos, e ainda assim me impedindo de respirar com tranquilidade. 


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